Brasileiro é finalista em prêmio internacional de fotografia ambiental pelo 2º ano consecutivo
02/04/2025
(Foto: Reprodução) Fernando Faciole concorre com três das oito imagens selecionadas na categoria "Change Makers" do Environmental Photography Award 2025. Acesse o site da votação. Valente foi resgatado no Pantanal com queimaduras graves nas quatro patas e nas orelhas e sobreviveu a um dos maiores incêndios já registrados no bioma Pantanal
Fernando Faciole
Entre cliques precisos e olhares atentos voltados à vida selvagem, o biólogo e fotógrafo de conservação Fernando Faciole transforma histórias de superação animal em imagens que atravessam fronteiras. Pela segunda vez consecutiva, ele é finalista do prêmio Environmental Photography Award, realizado em Mônaco.
Fernando emplacou três fotografias das oito selecionadas na categoria 'Change Makers', uma das mais importantes da competição, reforçando a urgência da conservação e celebrando a resiliência da biodiversidade nacional.
O Environmental Photography Award é um renomado concurso internacional que reconhece o poder da fotografia como instrumento de conscientização ambiental. Promovido pela Prince Albert II of Monaco Foundation, o prêmio tem como objetivo valorizar imagens que retratem tanto a beleza quanto os desafios enfrentados pela natureza.
A premiação também busca provocar reflexões sobre temas ambientais urgentes, como as mudanças climáticas, a perda da biodiversidade e a complexa relação entre o ser humano e o meio ambiente.
Na edição passada, o fotógrafo ganhou destaque internacional ao conquistar o Prêmio do Público com sua fotografia "Rainy Release”, que captura o momento em que a tamanduá-bandeira “Hanna” é devolvida ao seu habitat no Cerrado brasileiro após passar por exames cardíacos que visavam diagnosticar disfunções cardíacas em tamanduás mantidos sob cuidados humanos.
Foto retrata tamanduá-bandeira Hanna voltando ao seu habitat natural após realização de exames cardíacos para pesquisa
Fernando Faciole
Selecionadas entre quase 10 mil fotos inscritas, as três imagens feitas pelo fotógrafo retratam histórias marcantes da fauna brasileira, mostrando um olhar sensível com a conservação ambiental.
Entre os destaques está a fotografia intitulada como “Após as Chamas, Esperança”, que retrata a anta “Valente”, sobrevivente de um dos maiores incêndios da história recente do Pantanal, com mais de 2,6 milhões de hectares devastados pelas chamas em 2024.
“Fico muito feliz de poder apresentar três projetos diferentes nos quais estou trabalhando. A imagem do Valente fala sobre a resiliência da fauna frente à seca intensificada no Pantanal. É uma forma de chamar a atenção para essa causa e deixar uma mensagem de que ainda vale a pena lutar por esses animais”, diz o fotógrafo.
Outra imagem finalista, intitulada “Cuidando dos Gigantes Invisíveis”, traz a atenção para um tatu-canastra. Fernando registrou um momento único do trabalho realizado pelo Projeto Tatu-Canastra, liderado pelo Instituto de Conservação de Animais Silvestres (ICAS).
Pata traseira de um jovem tatu-canastra (Priodontes maximus), de aproximadamente um ano e meio de idade, é segurada pelo biólogo Gabriel Massocato, coordenador de campo do Projeto Tatu-Canastra no Pantanal
Fernando Faciole
Segundo Fernando, a foto busca informar as pessoas sobre a existência e conservação dessa espécie, que muitas vezes é considerada quase como um “fantasma”, até mesmo por comunidades locais. “É um prazer poder divulgar o lindo trabalho do Projeto Tatu-Canastra para o mundo”.
Já a terceira fotografia, intitulada "A Caminhada do Pequeno Gigante", destaca as consequências pouco visíveis das colisões entre veículos e animais silvestres, realidade que afeta muitos filhotes de tamanduá-bandeira. Muitos deles acabam ficando órfãos por conta desses acidentes e precisam ser cuidados em centros de reabilitação, onde o tempo é um fator crítico devido às complicações que eles podem apresentar.
Para esta edição, Fernando solicita que os votos sejam direcionados à sua fotografia da anta Valente, pois considera que a seca no Pantanal é uma questão ambiental urgente que afeta todo o ecossistema local. Ele busca, com essa iniciativa, aumentar a atenção internacional para as consequências das mudanças climáticas nesse bioma único.
A foto registra o momento da última mamada no escritório, por volta das 19h. Após a alimentação, os animais são incentivados a caminhar pelo recinto para se exercitarem e desenvolverem seus instintos
Fernando Faciole
A votação popular para o Prêmio do Público do Environmental Photography Award 2025 está aberta até 13 de abril, permitindo que cada pessoa vote uma única vez. Os vencedores serão anunciados em 6 de junho durante o evento em Mônaco. Vote por este link.
“Eu realmente acredito que a fotografia tem o poder de transformar a forma como as pessoas encaram os problemas ambientais. Ela estimula a empatia, chama à ação e valoriza as pessoas que fazem tanto para proteger o nosso planeta. Nesse contexto, utilizo bastante a criação de narrativas visuais, explorando o poder do storytelling para construir sequências de imagens que aprofundam as histórias e mostram os diferentes ângulos que precisam ser abordados”, explica o biólogo.
No ano de 2022, Fernando se tornou o mais jovem e o terceiro brasileiro a ingressar na International League of Conservation Photographers (Liga Internacional de Fotógrafos de Conservação), grupo que inclui os mais destacados fotógrafos de conservação do mundo.
Com passagem por publicações internacionais como National Geographic e BBC Wildlife Magazine, além de ter sido nomeado na lista Forbes Under 30 pelo impacto do seu trabalho em 2024, Fernando segue investindo em novos projetos que aprofundem histórias de conservação.
Atualmente, o fotógrafo concentra suas energias em documentar a vida do tatu-canastra na Mata Atlântica como Explorador da National Geographic Society, além de fortalecer seu envolvimento com a conservação dos tamanduás-bandeira.
*Texto sob supervisão de Ananda Porto
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